Via Sacra da Misericórdia

Caminho da Misericórdia
Via Sacra com as obras de Misericórdia





Apresentação

Apresentamos este singelo caminho de reflexão sobre a misericórdia de Deus e nossa resposta de amor: as obras de misericórdia. Nossa missão de discípulas e discípulos missionários ajudar tantas pessoas que estão às margens da sociedade a sentir a ternura e o amor de Deus que é bondade e misericórdia.
Deve ser um esforço diário superar a auto-referencialidade, o egoísmo e o orgulho. São tantas as formas de pobreza: a econômica e material, a cultural e social, a espiritual e afectiva. Todavia, a misericórdia não se pode limitar à pobreza material, sobretudo em tempos de crise. O nosso compromisso tem de ser integral, para salvar o todo da pessoa e toda a pessoa que mais precisa da nossa ajuda.
O Catecismo da Igreja Católica no nº 2447 diz que “as obras de misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e suportar com paciência.  As obras de misericórdia corporais consistem nomeadamente em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. Entre estes gestos, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus: «Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos, faça o mesmo» (Lc 3, 11). «Dai antes de esmola do que possuis, e tudo para vós ficará limpo» (Lc 11, 41). «Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem do alimento quotidiano, e um de vós lhe disser: "Ide em paz; tratai de vos aquecer e de matar a fome", mas não lhes der o que é necessário para o corpo, de que lhes aproveitará?» (Tg 2, 15-16)”.
Recordemos as palavras do Papa Francisco: “A misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. É um milagre sempre novo que a misericórdia divina possa irradiar-se na vida de cada um de nós, estimulando-nos ao amor do próximo e animando aquilo que a tradição da Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. Estas recordam-nos que a nossa fé se traduz em atos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados: alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, educá-lo. Realmente, no pobre, a carne de Cristo «torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga... a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Ibid., 15). É o mistério inaudito e escandaloso do prolongamento na história do sofrimento do Cordeiro Inocente, sarça ardente de amor gratuito na presença da qual podemos apenas, como Moisés, tirar as sandálias (cf. Ex 3, 5); e mais ainda, quando o pobre é o irmão ou a irmã em Cristo que sofre por causa da sua fé.” (Papa Francisco Vaticano, 4 de Outubro de 2015)
No caminho que estamos propondo vamos relembrar as obras de misericórdia que o Senhor Jesus nos indicou como caminho para o Reino dos Céus. Vamos intercalar as obras corporais e espirituais buscando refletir sobre nossa presença como Cristãos no mundo. Enfim, nosso desejo é que ao refletirmos sobre as obras de misericórdia possamos passar como o Papa Francisco nos pede, à misericórdia das obras, ou seja à uma vida que seja toda misericordiosa como o Pai é misericordioso.









Obras de Misericórdia

Corporais:
1) Dar de comer a que tem fome
2) Dar de beber a quem tem sede
3) Dar pousada aos peregrinos
4) Vestir os nus
5) Visitar os enfermos
6) Visitar os presos
7) Enterrar os mortos



Espirituais:
1)Ensinar os ignorantes
2) Dar bom conselho
3) Corrigir os que erram
4) Perdoar as injúrias
5) Consolar os tristes
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos





Oração Inicial

Acolhida

Todos: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Animador(a): Deus é bondosos e misericordioso para conosco. O Papa Francisco nos diz que ‘o nome de Deus é Misericórdia’. Ser misericordiosos como o Pai deve ser nosso desejo e motivação.
Leitor(a) 1: Ainda que sejamos limitados em nossa capacidade de amar e de agir com misericórdia, precisamos ter mo modelo o Pai que nos ama e nos acolhe sempre com o coração e os braços abertos.
Leitor(a) 2: Agir com misericórdia é algo que exige atenção e ternura para com quem está ao nosso lado. Exige deixarmos nossa preocupação excessiva com nossos projetos e nossas questões pessoais, subjetivas e perceber as necessidades de nossas irmãs e irmãos.
Leitor(a) 3: O Reino dos céus começa a realizar-se aqui, entre nós, quando nos dispomos a viver o mandamento do amor do Senhor e quando temos a coragem de perceber que ele está entre nós principalmente naqueles que sofrem, estão às margens e precisam da mão de Deus para se reerguer.
Todos: Queremos ser misericordiosos como Nosso Pai do céu é misericordioso. Abri Senhor, nossos olhos e ouvidos para que possamos ouvi-lo e vê-lo em nossos irmãos. Que nosso coração de pedra se converta num novo coração pronto para amar incondicionalmente.

Palavra de Deus
(Mt 25, 31-36)
Aclamação
Palavra de Salvação somente o céu tem pra dar. Por isso o meu coração se abre para escutar.
Por mais difícil que seja seguir / Tua palavra queremos ouvir / Por mais difícil de se praticar / Tua palavra queremos guardar

Leitor(a) 1: Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo Segundo São Mateus
31 «Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32 Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 E colocará as ovelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. 34 Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. 35 Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; 36 eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’ Palavra da Salvação.

(Momento de silêncio e reflexão sobre a Palavra de Deus)

Oração de Santa Faustina

Animador: Santa Faustina descreveu bem numa oração em 1937 o sentido da misericórdia que transforma a vida do cristão. Rezemos esta oração pedindo a Deus que transforme nossos corações e obras para que todas as nossas obras sejam de misericórdia.
Leitor(a) 1: «Desejo transformar-me totalmente em Vossa misericórdia, para tornar-me o Vosso reflexo vivo, ó meu Senhor! Que a Vossa misericórdia, que é insondável e de todos os atributos de Deus o mais sublime, se derrame do meu coração e da minha alma sobre o próximo.
Todos: Fazei, Senhor, nosso coração semelhante ao vosso!
Leitor(a) 2: Ajudai-me, Senhor, para que os meus olhos sejam misericordiosos, de modo que eu jamais suspeite nem julgue as pessoas pela aparência  externa, mas perceba a beleza interior dos outros e possa ajudá-los.
Todos: Fazei, Senhor, nosso coração semelhante ao vosso!
Leitor(a) 3: Ajudai-me, Senhor, para que os meus ouvidos sejam misericordiosos, de modo que eu esteja atenta às necessidades dos meus irmãos e não me permitais permanecer indiferente diante de suas dores e lágrimas.
Todos: Fazei, Senhor, nosso coração semelhante ao vosso!
Leitor(a) 1: Ajudai-me, Senhor, para que a minha língua seja misericordiosa, de modo que eu nunca fale mal dos meus irmãos; que eu tenha para cada um deles uma palavra de conforto e de perdão.
Todos: Fazei, Senhor, nosso coração semelhante ao vosso!
Leitor(a) 2: Ajudai-me, Senhor, para que as minhas mãos sejam misericordiosas e transbordantes de boas obras, nem se cansem jamais de fazer o bem aos outros, enquanto aceite para mim as tarefas mais difíceis e penosas.
Todos: Fazei, Senhor, nosso coração semelhante ao vosso!
Leitor(a) 3:  Ajudai-me, Senhor, para que sejam misericordiosos também os meus pés, para que levem sem descanso ajuda aos meus irmãos, vencendo a fadiga e o cansaço (...)Ajudai-me, Senhor, para que o meu coração seja misericordioso e se torne sensível a todos os sofrimentos do próximo. (...) Ó meu Jesus, transformai-me em Vós, porque Vós tudo podeis»
Todos: Fazei, Senhor, nosso coração semelhante ao vosso!

(Diário de Santa Faustina, 163).

Animador (a): Confiantes na misericórdia de Deus podemos chamá-lo de Pai Nosso:
Todos: Pai Nosso...
Animador (a):Iniciemos nossa caminhada pelas obras de misericórdia pedindo ao Pai que nos faça misericordiosos em tudo o que fizermos.

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Demos graças ao Pai, porque ele é bom: sua ete-erna misericórdia!
Criou o mundo com sabedoria: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.


Caminhada


1. Primeira Obra: Dar de comer a que tem fome
Disse Jesus: «Felizes de vós os que agora tendes fome, porque sereis saciados… Ai de vós, os que agora tendes fartura, porque ireis passar fome!» (Lc 6,21.25).

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Jesus Cristo se preocupou com a fome dos que O seguiam (Lc 9, 10-17). O Reino de Deus é para todos e este é o anúncio de Jesus de que Deus é Pai bondoso e não quer nenhum de Seus filhos abandonados, passando fome. O mandato de Jesus continua o mesmo para todos nós:”Daí-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9, 13). Somos chamados a ser a mão de Deus que se estende aos nossos irmãos, prestando atenção às suas necessidades: “Quem tiver muita roupa partilhe com quem não tem, e faça o mesmo quem tiver alimentos (Lc 3, 11).”

Papa Francisco
Leitor(a) 1: “Caros irmãos e irmãs, a mensagem bíblica é muito clara: abrir-se com coragem à partilha, e isto é misericórdia! E se nós quisermos a misericórdia de Deus, comecemos nós mesmos a concedê-la. É isto: comecemos a concedê-la entre concidadãos, entre famílias, entre povos, entre continentes. Contribuir para edificar uma terra sem pobres quer dizer construir sociedades sem discriminações, baseadas na solidariedade que leva a compartilhar quanto se possui, numa divisão de recursos assente na fraternidade e na justiça. Obrigado!
Leitor(a) 2: Dar esmola pode parecer uma coisa simples, mas devemos prestar atenção a não esvaziar este gesto do grande conteúdo que possui. Com efeito, a palavra «esmola» deriva do grego e significa precisamente «misericórdia». Por conseguinte, a esmola deveria conter em si toda a riqueza da misericórdia. E dado que a misericórdia tem numerosos caminhos, múltiplas modalidades, também a esmola se expressa de tantas maneiras, para aliviar o mal-estar de quantos estão em necessidade.
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3: Aquele que vive pelo Evangelho entra, assim, em uma partilha virtuosa: o pastor é convertido e confirmado pela fé simples do povo santo de Deus, com o qual atua e em cujo coração vive. Essa pertença é o sal da vida do presbítero; ela faz com que o seu traço distintivo seja a comunhão vivida com os leigos em relações que sabem valorizar a participação de cada um. Ele sabe que o Amor é tudo. Não busca assegurações terrenas ou títulos honoríficos, que levam a confiar no homem; no ministério, não demanda nada para si que vá além da necessidade real, nem está preocupado em amarrar em si mesmo as pessoas que lhe são confiadas. O seu estilo de vida simples e essencial, sempre disponível, o apresenta credível aos olhos das pessoas e o aproxima dos humildes, em uma caridade pastoral que faz livres e solidários.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)
Todos: Perdoai-nos, Senhor, pelas vezes em que fomos insensível à fome e às necessidades, materiais ou espirituais, dos nossos irmãos mais pobres! Enviai-nos, Senhor, a todos quantos têm fome e sede de justiça, fome e sede de Ti e do verdadeiro sentido de vida!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Dele recebemos, a Ele nos doamos: sua ete-erna misericórdia!
Sacia de bens os famintos: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



2. Segunda Obra: Ensinar os ignorantes
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.» (Lc 6,37)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Esta primeira obra de misericórdia espiritual consiste em instruir os que são ignorantes em qualquer matéria: também sobre temas religiosos. Este ensino pode ser levado a cabo através de escritos ou da palavra, por qualquer meio de comunicação ou diretamente. Como diz o Livro de Daniel, “os que ensinam a justiça ao povo, brilharão como as estrelas pela eternidade sem fim” (Dan 12, 3b). Para Jesus não existem casos perdidos, todos podem ser instruídos, podem aprender o caminho de volta para os braços do Pai.

Papa Francisco
Leitor(a) 1: Não há santo sem passado, nem pecador sem futuro. É suficiente responder ao convite com o coração humilde e sincero. A Igreja não é uma comunidade de pessoas perfeitas, mas de discípulos a caminho, que seguem o Senhor porque se reconhecem pecadores e necessitados do seu perdão. Por conseguinte, a vida cristã é escola de humildade que nos abre à graça.
Leitor(a) 2: Jesus não tinha medo de dialogar com os pecadores, os publicanos, as prostitutas... Não, Ele não tinha receio: amava todos! A sua Palavra penetra-nos e, como um bisturi, age em profundidade para nos livrar do mal que se oculta na nossa vida. Às vezes esta Palavra é dolorosa porque incide sobre as hipocrisias, desmascara as falsas desculpas, revela as verdades escondidas; mas ao mesmo tempo ilumina e purifica, dá força e esperança, é um precioso reconstituinte no nosso caminho de fé. Por sua vez, a Eucaristia nutre-nos com a própria vida de Jesus e, com um remédio poderosíssimo, de modo misterioso renova continuamente a graça do nosso Batismo. Aproximando-nos da Eucaristia, nós alimentamo-nos com o Corpo e Sangue de Jesus; e no entanto, entrando em nós, é Jesus que nos une ao seu Corpo!

Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3:  “Não maltratem as pessoas, acariciem-nas como nos acaricia Deus”. O segredo do nosso presbítero está naquela sarça ardente que marca a fogo a sua existência, conquista-a e conforma-a à de Jesus Cristo, verdade definitiva da sua vida. É a relação com Ele que o protege, tornando-o estranho à mundanidade espiritual que corrompe, assim como a todo compromisso e mesquinhez. É a amizade com o seu Senhor que o leva a abraçar a realidade cotidiana com a confiança de quem crê que a impossibilidade do homem não permanece assim para Deus.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, pelo mau juízo e preconceitos, em relação àqueles que julgamos conhecer; Fazei-nos, Senhor, ensinar os ignorantes, mais pelo testemunho eloquente da nossa vida, do que por meio de palavras vazias e orgulhosas!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Fonte de todo bem, dulcíssimo alívio: sua ete-erna misericórdia!
Que instruis e dais entendimento aos pequenos: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



3. Terceira Obra: Dar de beber a quem tem sede
«Quem der de beber a um destes pequeninos, ainda que seja somente um copo de água fresca, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.» (Mt 10,42).

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Jesus disse: “Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa”  (Mt 10, 42). Em nossos tempos esta obra de misericórdia  parece sem sentido, quando cada um tem água encanada, com facilidade em seus lares. Pensa desta forma quem tem o privilégio de viver longe da seca, e dos desafios de andar, em pleno Século XXI, muitos quilômetros para buscar água em açudes, e em carros pipas, num Brasil de graves contrastes sociais que clama aos céus igualdade de direitos.

Papa Francisco
Leitor(a) 1:  Poderemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual! Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos. A Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas.
Leitor(a) 2:  Não nos deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói. Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda. As nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo.

Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3: Está descalço, o nosso padre, em relação com uma terra que ele se obstina a crer e a considerar como santa. Ele não se escandaliza com as fragilidades que abalam a alma humana: consciente de ser, ele mesmo, um paralítico curado, está longe da frieza do rigorista, assim como da superficialidade daqueles que querem se mostrar condescendentes de modo barato. Em vez disso, ele aceita se encarregar do outro, sentindo-se partícipe e responsável pelo seu destino.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, pela nossa incapacidade de viver em serviço desinteressado, atento e livre, para com todos aqueles que nos possam procurar! Fazei-nos, Senhor, dar de beber a quem tem sede de amor, de paz e de esperança.

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
O coração se abra a quem tem fome e sede: sua ete-erna misericórdia!
Dando a água que jorra para a vida eterna: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



4. Quarta Obra: Dar bom conselho
«Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e deitar adubo. Quem sabe, talvez venha a dar fruto! Se não der, então cortá-la-ás.» (Lc 13,8-9)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a):  Um dos dons do Espírito Santo é o dom do conselho. Por isso, quem desejar um bom conselho deve, primeiramente, estar em sintonia com Deus, pois não se trata de dar opiniões pessoais, mas de aconselhar bem a quem necessita de um guia. Jesus nos orientou e aconselhou a não sermos cegos guinando cegos Mt 15, 14), e também a primeiro tirarmos a trave do nosso olho, para depois tirar o cisco do olho do irmão (Lc 6, 39). Apesar da força deste conselho e alerta de Jesus, não podemos nos eximir de dar bons conselhos àqueles que necessitam. Perigosos são os conselhos quando dados sem uma vida de oração. Destrutivos são os conselhos recebidos nas mesas de botequins ou grupos de fofoqueiras. Aconselhar é ajudar a lançar luz no caminho de quem hoje pisa em sombras.

Papa Francisco
Leitor(a) 1: Dirigir o olhar para Deus, Pai misericordioso, e para os irmãos necessitados de misericórdia, significa prestar atenção ao conteúdo essencial do Evangelho: Jesus, Misericórdia que se fez carne, que torna visível aos nossos olhos o grande mistério do Amor trinitário de Deus. Sim, caros irmãos e irmãs, somos chamados a experimentar na nossa vida o toque dócil e suave do perdão de Deus, a sua presença ao nosso lado e a sua proximidade sobretudo nos momentos de maior privação.
Leitor(a) 2: A misericórdia revela-se, mais uma vez, como dimensão fundamental da missão de Jesus. É um verdadeiro desafio posto aos seus interlocutores, que se contentavam com o respeito formal da lei. Jesus, pelo contrário, vai além da lei, a sua partilha da mesa com aqueles que a lei considerava pecadores permite compreender até onde chega a sua misericórdia.  A alegria não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras. Adapta-se e transforma-se, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados.

Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3:  A vida do nosso presbítero se torna eloquente, por ser diferente, alternativa. Como Moisés, ele é alguém que se aproximou do fogo e deixou que as chamas queimassem as suas ambições de carreira e poder. Ele fez uma fogueira também da tentação de se interpretar como um "devoto", que se refugia em um intimismo religioso que, de espiritual, tem bem pouco. Neste tempo pobre de amizade social, a nossa primeira tarefa é a de construir comunidade; a atitude à relação, portanto, é um critério decisivo de discernimento vocacional.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, pelas palavras vãs, superficiais, inúteis e irreflectidas, com que influenciamos a conduta dos mais fracos! Fazei-nos, Senhor, dar bons conselhos, sobretudo inspirados na vossa Palavra!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Conduz seu povo na história: sua ete-erna misericórdia!
Dando a vossos filhos dom do bom conselho: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



5. Quinta Obra: Dar pousada aos peregrinos
«Zaqueu, desce depressa, porque eu hoje preciso de ficar em tua casa. Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria.» (Lc 19,5-6).

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Em tempos antigos dar pousada aos viajantes era um assunto de vida ou de morte, pelas dificuldades e riscos das caminhadas e viagens. Não é o normal hoje em dia. Mas, mesmo assim, poderia acontecer recebermos alguém em nossa casa, não por pura hospitalidade de amizade ou família, mas por alguma verdadeira necessidade. Jesus foi um desabrigado já em seu nascimento, quando negaram a José e Maria que estava para dar à luz, um lugar na hospedaria (Lc 2,7).

Papa Francisco
Leitor(a) 1  É meu vivo desejo que o povo cristão reflita, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos.
Leitor(a) 2  A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai. Um dos sinais concretos desta abertura é ter, por todo o lado, igrejas com as portas abertas. Assim, se alguém quiser seguir uma moção do Espírito e se aproximar à procura de Deus, não esbarrará com a frieza duma porta fechada. As páginas do profeta Isaías poderão ser meditadas, de forma mais concreta, neste tempo de oração, jejum e caridade. « O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então, a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua justiça irá à tua frente, e a glória do Senhor atrás de ti.
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3  “Quando um sacerdote está em contato com o seu povo, se cansa. Quando um padre não está em contato com o seu povo, se cansa, mas mal e para dormir deve tomar um comprimido, não? Ao invés disso, aquele que está em contato com o povo – que de fato o povo tem tantas exigências, tantas exigências! Mas são as exigências de Deus, não? – este cansa realmente e não tem necessidade de tomar comprimidos”.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, pelas vezes em que fechamos as portas do coração àqueles que colocais no nosso caminho, como sinal da vossa presença! Tornai-nos, Senhor, atentos aos sinais de indigência, entre aqueles que encontro pelo caminho!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Amou-nos com coração de carne: sua ete-erna misericórdia!
Nos ensina acolher os desterrados: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.





6. Sexta Obra: Corrigir os que erram
«Amai os vossos inimigos e fazei bem aos que vos odeiam. Desejai o bem aos que vos amaldiçoam e rezai por aqueles que vos caluniam» (Lc 6,27-28),

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Esta obra de misericórdia refere-se acima de tudo ao pecado. De fato, outra maneira de formular esta obra é: Corrigir o pecador. A correção fraterna é explicada pelo próprio Jesus no evangelho de S. Mateus: “Se o teu irmão pecar, fala com ele a sós para o corrigir. Se te escutar, ganhaste o teu irmão” (Mt 19, 15-17).
Devemos corrigir o nosso próximo com mansidão e humildade. Muitas vezes será difícil fazê-lo, mas, nesses momentos, podemos lembrar-nos do que diz o apóstolo S. Tiago no final da sua Carta: “aquele que converte um pecador do seu erro salvará da morte a sua alma e obterá o perdão de muitos pecados.” (St 5, 20)

Papa Francisco
Leitor(a) 1 O povo de Deus, isto é, a Igreja, não precisa de dinheiro sujo, precisa de corações abertos à misericórdia de Deus. É preciso aproximar-se de Deus com mãos purificadas, evitando o mal e praticando o bem e a justiça. Admirável o modo como o profeta termina: «...cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; / praticai o que é reto; / ajudai o oprimido; / fazei justiça ao órfão; / tratai da causa das viúvas» (vv. 16-17).
Leitor(a) 2  Justiça e Misericórdia não são dois aspectos em contraste entre si, mas duas dimensões duma única realidade que se desenvolve gradualmente até atingir o seu clímax na plenitude do amor. A justiça é um conceito fundamental para a sociedade civil, normalmente quando se faz referimento a uma ordem jurídica através da qual se aplica a lei. Por justiça entende-se também que a cada um deve ser dado o que lhe é devido.
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3 “Também na Igreja, há aqueles que em vez de servir, de pensar nos outros, de estabelecer as bases, se servem da Igreja: os carreiristas, os apegados ao dinheiro. E quantos sacerdotes, bispos vimos assim. É triste dizer isso, não? A radicalidade do Evangelho, do chamamento de Jesus Cristo: servir, estar ao serviço de, não parar, ir ainda mais longe, esquecendo-se de si mesmo. E o conforto do status: eu atingi um status e vivo confortavelmente sem honestidade, como os fariseus de que fala Jesus, que passeavam pelas praças, para serem vistos pelas pessoas”.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, por estar sempre mais pronto a corrigir com arrogância, do que a educar e a consolar, com ternura!  Purificai, Senhor, os nossos pensamentos de egoísmo, de malícia e de posse e livrai-nos de toda a presunção de superioridade em relação aos outros.

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Demos graças ao Filho, Luz das gentes: sua ete-erna misericórdia!
Que nos ajude a retornar ao bom caminho: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



7. Sétima Obra: Vestir os nus
«Observai com crescem os lírios: não fiam nem tecem… Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, quanto mais fará por vós, gente de pouca fé.» (Lc 12,27-28)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Esta obra de misericórdia dirige-se a aliviar outra necessidade básica: o vestuário. Muitas vezes é-nos proporcionada com as recolhas de roupa que se fazem nas paróquias e noutros centros. A carta de S. Tiago propõe-nos sermos generosos: “Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome», mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará?” (St 2, 15-16). Chamados somos nós, a sermos discípulos de um Mestre que Evangelhos relatam, exortou: “Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem” (Lc 3, 11a)

Papa Francisco
Leitor(a) 1 A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. Vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva. Ousemos um pouco mais no tomar a iniciativa!
Leitor(a) 2 A Igreja sabe «envolver-se». Jesus lavou os pés aos seus discípulos. O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos diante dos outros para os lavar; mas, logo a seguir, diz aos discípulos: «Sereis felizes se o puserdes em prática» (Jo 13, 17). Com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo.
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3: Aquele que é chamado saiba que existe neste mundo uma alegria genuína e plena: a de ser tomado pelo povo que uma pessoa alguém ama até ao ponto de ser enviada a ele como dispensadora dos dons e das consolações de Jesus, o único Bom Pastor, que, cheio de profunda compaixão por todos os humildes e os excluídos desta terra, cansados e abatidos como ovelhas sem pastor, quis associar muitos sacerdotes ao seu ministério para, na pessoa deles, permanecer e agir Ele próprio em benefício do seu povo.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, pela falta de atenção àqueles que nos rodeiam, para que possa atendê-los na sua nudez mais profunda, percebendo os apelos que emitem mesmo sem serem ouvidos; Fazei-nos, Senhor, despojar de tudo o que está a mais em nós e de tudo que nos impede de viver no abandono à Providência em cada dia!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
O amor espera e tudo suporta: sua ete-erna misericórdia!
Ensina-nos partilhar os nossos dons: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



8. Oitava Obra: Perdoar as injúrias
«Sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas não perdereis um só cabelo. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida.» (Lc 21,17-19)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): No Pai Nosso dizemos: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, e o mesmo Senhor esclarece: “se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas” (Mt 6, 14-16). O melhor exemplo de perdão no Antigo Testamento é o de José, que perdoou aos irmãos o terem tentado matá-lo e depois vendê-lo. “Não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós próprios, por me terdes vendido para este país; porque foi para podermos conservar a vida que Deus me mandou para aqui à vossa frente” (Gen 45, 5). E o maior perdão do Novo Testamento é o de Cristo na Cruz, que nos ensina que devemos perdoar tudo e sempre: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34).

Papa Francisco
Leitor(a) 1: A misericórdia e o perdão não devem permanecer só palavras, mas realizar-se na vida quotidiana. Amar e perdoar constituem o sinal concreto e visível de que a fé transformou os nossos corações, permitindo-nos expressar em nós a vida do próprio Deus. Amar e perdoar como o próprio Deus ama e perdoa. Trata-se de um programa de vida que não pode conhecer interrupções nem exceções, mas impele-nos a ir sempre mais além, sem nos cansarmos, com a certeza de que somos sustentados pela presença paternal de Deus.  O que mais agrada a Deus é perdoar os seus filhos, ter misericórdia deles a fim de que, por sua vez, também eles possam perdoar os irmãos, resplandecendo como tochas da misericórdia de Deus no mundo.
Leitor(a) 2:Quantas vezes ouvi dizer: «Padre, não consigo perdoar o meu vizinho, o colega de trabalho, a vizinha, a sogra, a cunhada». Todos nós ouvimos isto: «Não consigo perdoar!». Contudo, como podemos pedir a Deus que nos perdoe, se depois nós mesmos não somos capazes de conceder o nosso perdão? Perdoar é algo grandioso; e no entanto, não é fácil perdoar, porque o nosso coração é pobre, e unicamente com as suas forças não o conseguirá fazer. Contudo, se nos abrirmos ao acolhimento da misericórdia de Deus por nós, tornar-nos-emos por nossa vez capazes de perdão. Muitas vezes ouvi dizer: «Não podia ver aquela pessoa: sentia ódio por ela. Mas um dia aproximei-me do Senhor e pedi-lhe perdão pelos meus pecados, mas também perdoei aquela pessoa». São coisas de todos os dias. E temos esta oportunidade perto de nós!
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3: “Mas quando a Igreja é morna, fechada em si mesma, também muitas vezes mercantil, não se pode dizer, que é uma Igreja que ministra, que está ao serviço, mas sim que se serve dos outros. Que o Senhor nos dê a graça que deu a Paulo, o ponto de honra para ir sempre para a frente, sempre, renunciando às próprias comodidades tantas vezes, e nos livre das tentações, dessas tentações que, são fundamentalmente, as tentações de uma vida dupla: apresento-me como ministro, como quem serve, mas no fundo eu me sirvo dos outros”.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: - Perdoai-nos, Senhor, pela forte indignação que sintimos em relação a quem nos ofende, em vez de manifestarmos por ele uma grande compaixão!  Fazei de nós, Senhor, um sinal verdadeiro de perdão e fraternidade…!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Perdoa e acolhe os seus filhos: sua ete-erna misericórdia!
Alivia nossos corações de todo o mal: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.


9. Nona Obra: Visitar os enfermos
«Mulher, estás livre da tua doença. Jesus colocou as mãos sobre ela, e imediatamente, a mulher se endireitou e começou a louvar a Deus.» (Lc 13,12-13)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Esta obra de misericórdia trata-se de uma verdadeira atenção para com os doentes e idosos, tanto no aspeto físico, como em lhes proporcionar um pouco de companhia. O melhor exemplo da Sagrada Escritura é o da parábola do Bom Samaritano que curou o ferido e, ao não poder continuar a cuidar dele diretamente, confiou os cuidados que necessitava a outro em troca de pagamento (ver Lc 10, 30-37). Os Evangelhos relatam abundantemente, momentos em que Jesus acolhe, atende, socorre e cura os doentes. As  vezes eram levados a Ele no entardecer  (Mc 1,32-34); em outras pediam que Ele fosse até a casa do enfermo, como fez o oficial que pediu a cura do filho que estava morrendo (Jo, 4, 46-53). Vale lembrar a ação de Jesus, quando na casa de Pedro, cura sua sogra (Mt 8, 14-15). Jesus se desdobrou em misericórdia para com os doentes.

Papa Francisco
Leitor(a) 1: A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa. A Esposa de Cristo assume o comportamento do Filho de Deus, que vai ao encontro de todos sem excluir ninguém. No nosso tempo, em que a Igreja está comprometida na nova evangelização, o tema da misericórdia exige ser re-proposto com novo entusiasmo e uma acção pastoral renovada. É determinante para a Igreja e para a credibilidade do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia. A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem irradiar misericórdia.
Leitor(a) 2:Às vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros. Espera que renunciemos a procurar aqueles abrigos pessoais ou comunitários que permitem manter-nos à distância do nó do drama humano, a fim de aceitarmos verdadeiramente entrar em contacto com a vida concreta dos outros e conhecermos a força da ternura. Quando o fazemos, a vida complica-se sempre maravilhosamente e vivemos a intensa experiência de ser povo, a experiência de pertencer a um povo.
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3: O sacerdote que pretende encontrar a identidade sacerdotal indagando introspectivamente na própria interioridade, talvez não encontre nada mais senão sinais que dizem «saída»: sai de ti mesmo, sai em busca de Deus na adoração, sai e dá ao teu povo aquilo que te foi confiado, e o teu povo terá o cuidado de fazer-te sentir e experimentar quem és, como te chamas, qual é a tua identidade e fazer-te-á rejubilar com aquele cem por um que o Senhor prometeu aos seus servos. Se não sais de ti mesmo, o óleo torna-se rançoso e a unção não pode ser fecunda. Sair de si mesmo requer despojar-se de si, comporta pobreza. Mas – ele sabe – não poderia fazer de outra forma: ele ama a terra, que reconhece visitada todas as manhãs pela presença de Deus. É um homem da Páscoa, do olhar voltado ao Reino, rumo ao qual ele sente que a história humana caminha, apesar dos atrasos, das obscuridades e das contradições.


Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, porque nem sempre os nossos corações estão disponíveis para vos acolher, deixando-nos compadecer com as dores dos outros; Senhor, vinde fortalecer a nossa vontade para que sejamos capazes de passar das boas intenções para o compromisso, em favor dos que mais precisam de minha compaixão!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Peçamos ao Espírito os sete santos dons: sua ete-erna misericórdia!
Cuidando daqueles que sofrem com enfermidades: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



10. Décima Obra: Consolar os tristes
«Se alguém quer seguir-me, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-Me» (Lc 9,23),

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): O consolo para o triste, para aquele que passa por alguma dificuldade é outra obra de misericórdia espiritual. Acompanhar os nossos irmãos em todos os momentos, mas principalmente nos mais difíceis, é pôr em prática o comportamento de Jesus que se compadecia com a dor alheia. Um exemplo vem no evangelho de S. Lucas. Trata-se da ressurreição do filho da viúva de Naim: “Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva; e, a acompanhá-la, vinha muita gente da cidade. Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: «Não chores.» Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!». O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe” (Lc 7, 12-16).

Papa Francisco
Leitor(a) 1: Jesus pede também para perdoar e dar. Ser instrumentos do perdão, porque primeiro o obtivemos nós de Deus. Ser generosos para com todos, sabendo que também Deus derrama a sua benevolência sobre nós com grande magnanimidade. Permanecer no caminho do mal é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra coisa. Deus não se cansa de estender a mão. O Reino – a visão que Jesus tem do homem – é a sua alegria, o horizonte que lhe permite relativizar o resto, temperar preocupações e ansiedades, permanecer livre das ilusões e do pessimismo; conservar a paz no coração e difundi-la com os seus gestos, as suas palavras, as suas atitudes.
Leitor(a) 2:A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria.  A alegria do Evangelho é tal que nada e ninguém no-la poderá tirar (cf. Jo 16, 22). Os males do nosso mundo – e os da Igreja – não deveriam servir como desculpa para reduzir a nossa entrega e o nosso ardor. Vejamo-los como desafios para crescer. Além disso, o olhar crente é capaz de reconhecer a luz que o Espírito Santo sempre irradia no meio da escuridão, sem esquecer que, «onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5, 20).

Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3: "Mas – é sempre bom lembrar – só pode proclamar as palavras de vida apenas quem faz da própria vida um diálogo constante com a Palavra de Deus, ou melhor, com Deus que nos fala.” Com o óleo de esperança e da consolação, o presbítero faz-se próximo de cada um, atento para compartilhar o abandono e o sofrimento. Tendo aceitado não dispor de si mesmo, não tem uma agenda para defender, mas entrega o seu tempo cada manhã ao Senhor para se deixar encontrar pelas pessoas e ir ao seu encontro. Assim, o nosso sacerdote não é um burocrata ou um anônimo funcionário da instituição; não é consagrado a um papel empregatício, nem é movido pelos critérios da eficiência.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, pelo meu olhar desatento aos sinais de tristeza, que surgem à nossa volta! Fazei-nos, Senhor, aliviar a dor e o sofrimento dos outros, sobretudo dos mais tristes, sós e marginalizados!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Por Ele confortados, ofereçamos conforto: sua ete-erna misericórdia!
Alegrando tristes, animando os desanimados: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



11. Décima Primeira Obra: Visitar os presos
«Quando te vimos doente ou na prisão, fomos visitar-te?... Sempre que fizeste isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizeste.» (Mt 25,39-40)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Esta obra consiste em visitar os presos e prestar-lhes não só ajuda material, mas também assistência espiritual que lhes sirva para melhorar como pessoas, emendar-se, aprender a desenvolver um trabalho que lhes possa ser útil quando terminarem o tempo que lhes foi imposto pela justiça, etc. Significa também resgatar os inocentes e sequestrados. Em tempos antigos os cristãos pagavam para libertar escravos ou se trocavam por prisioneiros inocentes.

Papa Francisco
Leitor(a) 1: Na Sagrada Escritura, como se vê, a misericórdia é a palavra-chave para indicar o agir de Deus para conosco. Ele não Se limita a afirmar o seu amor, mas torna-o visível e palpável. Aliás, o amor nunca poderia ser uma palavra abstrata. Por sua própria natureza, é vida concreta: intenções, atitudes, comportamentos que se verificam na atividade de todos os dias. A misericórdia de Deus é a sua responsabilidade por nós. Ele sente-Se responsável, isto é, deseja o nosso bem e quer ver-nos felizes, cheios de alegria e serenos. E, em sintonia com isto, se deve orientar o amor misericordioso dos cristãos. Tal como ama o Pai, assim também amam os filhos. Tal como Ele é misericordioso, assim somos chamados também nós a ser misericordiosos uns para com os outros.
Leitor(a) 2: Hoje, em muitas partes, reclama-se maior segurança. Mas, enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível desarraigar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as populações mais pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há de provocar a explosão. Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranqüilidade. Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reação violenta de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e econômico é injusto na sua raiz.
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3:  “A misericórdia é Deus que se fez carne. É amor, abraço do Pai, é ternura, é capacidade de entender, de colocar-se no lugar do outro”. Servo da vida, caminha com o coração e o passo dos pobres; é enriquecido pela sua convivência. É um homem de paz e de reconciliação, um sinal e um instrumento da ternura de Deus, atento a difundir o bem com a mesma paixão com que outros cuidam dos seus interesses.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, por nem sempre compreendermos as limitações de quem sofre, pela sua má conduta pessoal, familiar ou social. Tornai-nos, Senhor, prisioneiros do vosso amor, com uma presença desprendida junto de quem mais precisa de vós, quando está preso a tantas cadeias… físicas, psicológicas e morais.

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
A terra espera o Evangelho do Reino: sua ete-erna misericórdia!
Socorrendo aqueles que estão se corrigindo: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



12. Décima Segunda Obra: Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
«Assim também vós: quando tiverdes cumprido tudo o que vos mandarem fazer, dizei: somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer.» (Lc 17,10)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): A paciência face aos defeitos dos outros é virtude e é uma obra de misericórdia. No entanto, há um conselho muito útil: quando o suportar esses defeitos causa mais dano que bem, com muita caridade e suavidade, deverá fazer-se uma advertência. Para viver o evangelho de Jesus é preciso ser paciente. Esta obra espiritual nos exorta a suportar com paciência os que estão próximos a nós, com todos as suas limitações, fraquezas, defeitos, adversidades  e misérias.  Isto não quer dizer que devemos nos omitir  de orientar, encorajar, oferecer oportunidades e servir de suporte, para que, essas limitações e fraquezas sejam superadas.

Papa Francisco
Leitor(a) 1:  Não devemos temer as nossas misérias: cada um tem as próprias. O poder do amor do Crucificado não conhece obstáculos e nunca se esgota. E esta misericórdia cancela as nossas misérias. A nossa resposta ao perdão superabundante do Senhor deveria consistir em manter-nos sempre naquela tensão saudável entre uma vergonha dignificante e uma dignidade que sabe envergonhar-se: atitude de quem procura humilhar-se e rebaixar-se, mas capaz de aceitar que o Senhor o eleve para benefício da missão: ‘Vós sereis chamados “sacerdotes do Senhor”, e nomeados “ministros do nosso Deus’. O Senhor transforma o povo pobre, faminto, prisioneiro de guerra, sem futuro, descartado, em povo sacerdotal”.
Leitor(a) 2:  Paciente e misericordioso é o binômio que aparece, freqüentemente, no Antigo Testamento para descrever a natureza de Deus. O fato de Ele ser misericordioso encontra um reflexo concreto em muitas ações da história da salvação, onde a sua bondade prevalece sobre o castigo e a destruição. A comunidade evangelizadora dispõe-se a «acompanhar». Acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam. Conhece as longas esperas e a suportação apostólica. A evangelização patenteia muita paciência, e evita deter-se a considerar as limitações. Fiel ao dom do Senhor, sabe também «frutificar». A comunidade evangelizadora mantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor a quer fecunda. Cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio.
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3:   “Às vezes não se pode dar a absolvição mas que pelo menos sintam que existe ali um pai. Eu não te dou o Sacramento mas abençoo-te porque Deus quer-te bem. Não percas a coragem, segue em frente e volta”, exemplificou o Papa sobre o que é um pai que “não deixa que o filho vá para longe”. “Um padre que seja um homem pacificado, em paz, saberá espalhar serenidade à sua volta, mesmo nos momentos cansativos, transmitindo a beleza da relação com o Senhor. Não é normal, pelo contrário, que um padre esteja muitas vezes triste, nervoso ou seja duro de caráter”.

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos:  Perdoai a nossa incapacidade de acolher a fraqueza do irmão, e de nos precipitar na difamação e no comentário inútil! Tornai-nos, Senhor, capazes de saber perdoar sem reservas, sobretudo a quem nos possa ter ofendido ou agravado mais;

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Graça e alegria a quem ama e perdoa: sua ete-erna misericórdia!
Perdoados por vós nos dispomos a perdoar: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.



13. Décima Terceira Obra: Enterrar os mortos
«Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas, se morrer, dá muito fruto.» (Jo 12,24)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a):  Cristo não tinha lugar onde repousar. Foi um amigo, José de Arimateia, que lhe cedeu o seu túmulo. Mas, não apenas isso, teve a valentia para se apresentar ante Pilatos e pedir-lhe o corpo de Jesus. Nicodemos também participou e ajudou a sepultá-lo. (Jo 19, 38-42)  É importante dar sepultura digna ao corpo humano porque o corpo humano foi morada do Espírito Santo. Somos templos do Espírito Santo (1 Cor 6. 19).O Novo Catecismo da Igreja Católica, assim diz: “Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade, na fé e na esperança da ressurreição. O enterro dos mortos é uma obra de misericórdia corporal que honra os filhos de Deus, templos do Espírito Santo” (CIC § 2300).

Papa Francisco
Leitor(a) 1:  Não podemos escapar às palavras do Senhor, com base nas quais seremos julgados: se demos de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede; se acolhemos o estrangeiro e vestimos quem está nu; se reservamos tempo para visitar quem está doente e preso (cf. Mt 25, 31-45). De igual modo ser-nos-á perguntado se ajudamos a tirar da dúvida, que faz cair no medo e muitas vezes é fonte de solidão; se fomos capazes de vencer a ignorância em que vivem milhões de pessoas, sobretudo as crianças desprovidas da ajuda necessária para se resgatarem da pobreza; se nos detivemos junto de quem está sozinho e aflito; se perdoamos a quem nos ofende e rejeitamos todas as formas de ressentimento e ódio que levam à violência; se tivemos paciência, a exemplo de Deus que é tão paciente connosco; enfim se, na oração, confiamos ao Senhor os nossos irmãos e irmãs.
Leitor(a) 2:  Em cada um destes « mais pequeninos », está presente o próprio Cristo. A sua carne torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga ... a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós. Não esqueçamos as palavras de São João da Cruz: « Ao entardecer desta vida, examinar-nos-ão no amor ».
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3:   “Os bispos não são eleitos apenas para levar avante uma organização, que se chama Igreja particular; são ungidos, eles têm a unção e o Espírito do Senhor está com eles. Mas todos os bispos, todos nós somos pecadores, todos! Mas somos ungidos. Mas todos nós queremos ser mais santos a cada dia, mais fiéis a esta unção. E o que faz a Igreja realmente, e o que dá unidade à Igreja, é a pessoa do bispo, em nome de Jesus Cristo, porque ele é ungido, não porque ele foi eleito pela maioria. Porque é ungido. É nesta unção que uma Igreja particular tem a sua força. E por participação também os sacerdotes são ungidos”.


Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Senhor Jesus, perdoai-nos, porque nem sempre aceitamos, de boa vontade, a morte dos nossos amigos, e nem sempre nos mostramos capazes de consolar quem sofre no seu luto!  Manifestai, Senhor, todo o poder do amor, em cada um de nós, que acreditamos que vós sois o Senhor da vida eterna.

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Peçamos a paz ao Deus de toda paz: sua ete-erna misericórdia!
Que nos fez templos do seu Santo Espírito sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.




14 Décima Quarta Obra: Rezar a Deus por vivos e defuntos
«Se não escutam Moisés e os profetas mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos.» (Lc 16,31)

Animador(a): Senhor Jesus, pelos vossos gestos e sinais de ternura, bondade e compaixão.
Todos: Fazei novas todas as coisas, reavivando vossa chama de amor em nós e no mundo inteiro.
Animador(a): Na oração sacerdotal Jesus rogou a Deus pelos seus e por todos que em todos os tempos viriam a ser seus discípulos, isto é por todos nós (Jo 17). Em várias outras passagens dos Evangelhos Jesus retirava-se para rezar.  O ser humano, é sempre mais preocupado com suas próprias necessidades, mas através desta obra de misericórdia espiritual, somos exortados a rezar pela humanidade, rezar por aqueles que nem conhecemos; rezar pela reparação e expiação dos pecados do mundo; pela conversão dos pecadores;  pelo Papa e ministros ordenados que conduzem a Igreja de Deus; pelas vocações sacerdotais e leigas; pelas autoridades; pelos que sofrem e  pelos que se recomendam às orações.

Papa Francisco
Leitor(a) 1:  A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos –, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia.
Leitor(a) 2:  Que a palavra do perdão possa chegar a todos e a chamada para experimentar a misericórdia não deixe ninguém indiferente. O meu convite à conversão dirige-se, com insistência ainda maior, àquelas pessoas que estão longe da graça de Deus pela sua conduta de vida. Penso de modo particular nos homens e mulheres que pertencem a um grupo criminoso, seja ele qual for. Para vosso bem, peço-vos que mudeis de vida. Peço-vo-lo em nome do Filho de Deus que, embora combatendo o pecado, nunca rejeitou qualquer pecador. Não caiais na terrível cilada de pensar que a vida depende do dinheiro e que, à vista dele, tudo o mais se torna desprovido de valor e dignidade. Não passa de uma ilusão. Não levamos o dinheiro connosco para o além. O dinheiro não nos dá a verdadeira felicidade. A violência usada para acumular dinheiro que transuda sangue não nos torna poderosos nem imortais. Para todos, mais cedo ou mais tarde, vem o juízo de Deus, do qual ninguém pode escapar.
Papa Francisco aos Padres
Leitor(a) 3:   “ A evangelização, hoje, necessita voltar ao caminho da simplicidade. Simplicidade de vida, a fim de evitar todas as formas de duplicidade e mundanismo, o que é suficiente para a comunhão verdadeira com o Senhor e com os outros; simplicidade da linguagem: nem pregadores de doutrinas complexas, mas anunciadores de Cristo, morto e ressuscitado por nós.”

Propósito de Misericórdia
(Momento de Silêncio para que cada um possa, diante do Senhor, dispor-se à misericórdia das obras e escolher para si mesmo algum propósito concreto.)

Todos: Perdoai-nos, Senhor, por julgarmos mal a vossa misericórdia, desconfiando-nos do vosso perdão, em relação aos que partiram antes de mim! Fazei-nos, Senhor, rezar e celebrar sempre a eucaristia, como sinal eficaz da comunhão eterna com todos os filhos de Deus, porque para Ti, todos vivem!

Canto:
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.
Serão novos os céus e a terra: sua ete-erna misericórdia!
Na nova morada por Jesus Preparada: sua ete-erna misericórdia!
Misericordiosos como o Pai! Misericordiosos como o Pai.




Oração Final

Animador(a): Vamos encerrar esta nossa caminhada rezando a ‘Oração do Ano da Misericórdia’:
Leitor(a) 1: Senhor Jesus Cristo, Vós que nos ensinastes a ser misericordiosos como o Pai celeste, e nos dissestes que quem Vos vê, vê a Ele.
Todos: Mostrai-nos o Vosso rosto e seremos salvos.
Leitor(a) 2: O Vosso olhar amoroso libertou Zaqueu e Mateus da escravidão do dinheiro; a adúltera e Madalena de colocar a felicidade apenas numa criatura; fez Pedro chorar depois da traição, e assegurou o Paraíso ao ladrão arrependido.
Todos: Fazei que cada um de nós considere como dirigida a si mesmo as palavras que dissestes à mulher samaritana: Se tu conhecesses o dom de Deus!
Leitor(a) 3: Vós sois o rosto visível do Pai invisível, do Deus que manifesta sua omnipotência sobretudo com o perdão e a misericórdia:
Todos: fazei que a Igreja seja no mundo o rosto visível de Vós, seu Senhor, ressuscitado e na glória.
Leitor(a) 1: Vós quisestes que os Vossos ministros fossem também eles revestidos de fraqueza para sentirem justa compaixão por aqueles que estão na ignorância e no erro:
Todos: fazei que todos os que se aproximarem de cada um deles se sintam esperados, amados e perdoados por Deus.
Leitor(a) 2:  Enviai o Vosso Espírito e consagrai-nos a todos com a sua unção para que o Jubileu da Misericórdia seja um ano de graça do Senhor e a Vossa Igreja possa, com renovado entusiasmo, levar aos pobres a alegre mensagem proclamar aos cativos e oprimidos a libertação e aos cegos restaurar a vista.
Todos: Nós Vo-lo pedimos por intercessão de Maria, Mãe de Misericórdia,a Vós que viveis e reinais com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.

Animador(a): Vamos voltar para casa fortalecidos pelo amor de Deus e motivados a vida misericordiosa. Encerrando vamos nos despedir com um abraço de Paz.

Canto:
É bonita demais, é bonita demais a mão de quem conduz a bandeira da paz. (bis)






Observação:

Foram usados textos retirados do site do vaticano (vatican.va) das homilias diárias do Papa Francisco, da Exortação apostólica Evangelii Gaudium e outros textos do Santo Padre. A música Misericordiosos Como O Pai é uma adapatação da letra do Pe.Eugenio Costa com a melodia de  Paul Inwood.