Maria de Nazaré, dom Helder

Mãe, não quero nada,

Vim apenas te ver.

Não leves a mal que eu esqueça

os pedidos que me fizeram para eu te fazer.

Não é egoísmo, Senhora, e a prova é que não farei também nenhum pedido para mim, nem desejo serenar-me,

contemplando teu rosto sereno.

Em nome de todos os homens que vivem te suplicando, em nome de todos os irmãos que já se aproximam de ti

de mãos estendidas, deixa que eu esqueça um momento o vale de lágrimas a terra das tristezas,

nossa miséria de mendigos,

nossa pobreza de criaturas,

nossa tristeza de pecadores,

para saudar-te, Rainha dos Anjos Virgem-Mãe de Deus!

Bendito seja o Criador de tuas mãos sem mancha por onde passa toda a luz

que tomba sobre a escuridão dos homens!

Bendito seja o Criador de teu olhar boníssimo que tem o dom de acender a esperança das almas desalentadas, nos corações em desespero, à beira do abismo, do irremediável, do fim!

Bendito o Criador de tua sombra suavíssima pois já notei, Mãe querida,

que basta a tua lembrança, o teu perfume para encher a solidão da vida a solidão do homem.

Mãe, não quero nada.

Vim apenas te ver.



Dom Helder Câmara